sexta-feira, 28 de agosto de 2009

o payaçu e o cacique Piié

neste dia [27 de agosto de 1659] se acabou de conquistar o Estado do Maranhão, porque com os nheengaibas por inimigos seria o Pará de qualquer nação estrangeira que se confederasse com elles; e com os nheengaibas por vassallos e por amigos, fica o Pará seguro, e impenetravel a todo o poder estranho.” (Antônio Vieira / Carta, de 11/2/1660, à regente dona Luísa de Gusmão, viúva do rei João IV de Portugal).



Os “nheengaíbas” eram povos nuaruaques do arquipélago do Marajó, falavam diversas línguas de tronco Aruak (a “língua ruim”, por oposição ao nheengatu). Não se trata aqui de festejar um evento acadêmico, mas empreender um bosquejo a procura do elo perdido entre o índio e o caboco marajoara. Este último, finalmente, reconhecido em seus direitos de cidadão brasileiro, explicitamente, no parágrafo 2º, VI, art. 13, da Constituição do Estado do Pará (1989), que diz: O arquipélago do Marajó é considerado área de proteção ambiental do Pará, devendo o Estado levar em consideração a vocação econômica da região, ao tomar decisões com vista ao seu desenvolvimento e melhoria das condições de vida da gente marajoara”.



O dispositivo da Carta Magna paraense vale mais, para a gente marajoara, pelo fato de a distinguir, explicitamente, como condicionante para tomada de decisões políticas para o desenvolvimento com respeito à vocação econômica da região. Quase vinte anos depois, o § 2º citado é a base legal da APA Marajó como referência para o Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) da região e, ipso facto; plataforma territorial para candidatura do Marajó como reserva da biosfera.

A longa espera da gente marajoara está prestes a terminar, como quem em noite escura vê uma luz no fim do estirão; com a decisão de governo em situar o supracitado dispositivo constitucional no programa de zoneamento ecológico das 12 regiões estaduais de integração do “Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável”. Ao mesmo tempo que o Governo Federal lançou o “Plano de Desenvolvimento Territorial Sustentável do Arquipélago do Marajó” e, logo em seguida, o “Programa Territórios da Cidadania – Marajó; inovador conjunto de iniciativas federativas em parceria com a sociedade civil. É claro que os cabocos ficaram pávulos, embora meio desconfiados, pois nunca viram nada parecido ao longo de tantas décadas.

Símbolos fortes para ser empoderados pelos remanescentes dos Nheegaíbas. Nesta auspiciosa conjuntura, o “Projeto Nossa Várzea” de regularização fundiária, coordenado pela Secretaria nacional do Patrimônio da União (SPU), é concretude do movimento oriundo do chão de Dalcídio, sonho de muitas gerações para recuperar a terra expropriada aos antepassados indígenas para dar sesmarias por conta e obra dos sempre ausentes barões de Joanes (1665-1757).



Para entender a grandeza do que está em curso no Marajó, carece ter em conta o vasto espaço do Plano de Desenvolvimento Territorial em seus 104 mil km², população de 420 mil habitantes. Superfície equivalente a um país como o vizinho Suriname, por exemplo. Com importante detalhe do Marajó, apesar de província estadual, de fato mas não de direito; estar ao centro do delta-estuário da maior bacia fluvial do planeta. Por onde escoa, continuamente, algo como 20% da água doce superficial da Terra e lugar de encontro da corrente equatorial marítima com o gigante Amazonas para formarem a piscosa Corrente das Guianas, responsável pela existência e sobrevivência das populações tradicionais das regiões estuarinas e costeiras, desde a mais remota antiguidade desta gente.

Carecia o governo da República chegar junto aos cabocos, lá onde Judas perdeu as botas. Recantos remotos do mapa onde jesuítas temerários e índios guerrilheiros outrora concordaram em desfazer a fronteira de Tordesilhas para abrir as porteiras do Amazonas aos portugueses e seus “índios cristãos”. Este labirinto insular que estava em abandono há séculos é patrimônio da União, jurisdição do Estado do Pará e autonomia de 16 municípios brasileiros no estirão das ilhas grandes, médias e pequenas com invejável potencial ecológico e econômico, em contraste ao ínfimo IDH da população.



Na verdade, trata-se de trabalho duro e complexo de realizar, sobretudo, patriótico e humanitário. Desde o primeiro dia de colocar em prática o projeto houve preocupação em estudar o terreno com conhecimento da cultura marajoara e da sociologia das populações tradicionais. Saber da história local com verdadeiro interesse de cidadão e não apenas de técnico tarefeiro. Com certeza, o Projeto Nossa Várzea faz escola de serviço público para além da tarefa institucional. Não é todo dia que a Administração Pública federativa dá a cara nos meandros do extremo-norte brasileiro. Verdadeiro “campi” avançado como foram no passado as demarcações de fronteiras da Amazônia, as equipes de regularização fundiária deveriam contar com apoio e interesse de pesquisadores para também ir estudar “in loco” a emergente etnia “destribalizada”, que é o caboco marajoara remanescente do velho índio nheengaíba marginalizado.


Oxalá, a cabo do processo o caboco não mais se envergonhe de ser índio como foram seus antepassados. E com uso certificado da terra ancestral, a palhoça que o “patrão” não deixava passar de jirau seja logo sítio da futura aldeia onde cultura, ciência e natureza farão boa convivência. A sociedade e o governo ainda não se deram conta do complexo trabalho das equipes de identificação, reconhecimento, cadastramento e concessão de autorização de uso às comunidades ribeirinhas que o Projeto Nossa Várzea realiza em conjunto como os mais profissionais do Plano Marajó e programa território da Cidadania, notadamente nas ações de saneamento e saúde pública nas localidades mais extremas, atacadas pela malária e a desnutrição.


O que nos leva a fazer um paralelo com aquela corajosa missão comandada pelo padre Antônio Vieira em 16 de agosto de 1659. Saindo de Cametá, sem alarde, como mínima tropa e remos tupinambás de costume rumo à desconhecida aldeia dos famigerados Nheegaíbas (hoje reserva extrativista de Mapuá). Com a cara e a coragem para encerra a guerra que já durava 44 anos, impossível de vencer pela força. No entanto, até hoje discípulos de de Varnhagen, o visconde de Porto Seguro; e eternos admiradores do Marquês de Pombal; não tem interesse para espanar a poeira e tirar as traças desta inacreditável história que procurar a conexão oculta entre escravidão dos índios e servidão da gleba ao longo de quase quatro séculos.


Nomes de ilhas e lugares de atuação das equipes do Plano Marajó nos avivam a memória da antiga geografia dos “nheengaíbas”, menos para dissertação e mais para o sentimento do território diverso e disparatado da democracia brasileira que se estende até aos últimos rincões a ser um resgatados. Ilhas como palavras de um idioma morto e ressuscitado do mapa-geral da infinidade de regiões amazônicas.


Aqui vai amostra toponímica para ilustrar o tamanho do desafio do território da Cidadania no Plano Marajó em andamento: Gurupá velho de guerra (onde, em 1623, começou a virada luso-tupinambá para conquista do “rio das amazonas”), resex Gurupá-Melgaço às ilhargas da flona Caxiuanã reunindo Melgaço (aldeia Aricará, primeira missão jesuítica com índios marajoaras, consequência direta da paz de Mapuá) e Portel (aldeia Arucaru, idem); Ilha Grande de Gurupá (primeira rds das Ilhas, em Itatupã-Baquiá por onde o moço Dalcídio Jurandir foi ensinar filhos do dono do seringal), Urutaí, Caldeirão, ilha Rasa, Cajari, Caju, Pracuúba, Porquinhos, Teles, ilha do Pará; Comandaí; Mapuá (o lugar histórico das pazes ou trégua dos Nheengaíbas), Aramá, Mututi, Aranaí, Mutunquara, Carão, Limão, Maritapina; Furos de Breves, Tajapuru. Costa norte no município de Afuá; Arquipélago do Jurupari (nome do espírito tutelar dos caraíbas, diabolizado pelos cristãos), Pacas, Cará, Serraria, Panema, ilha dos Porcos, Maracujá, Parauara, Baturité, Anajás (nome da segunda etnia mais aguerrida da Ilha), Charapucu. Na contracosta, Chaves (aldeia Aruãs, a mais valente de todas nações indígenas do Pará) com jurisdição sobre as “ilhas de fora” (marítimas) Bragança, Janaucu, Viçosa, Jurupari de Chaves, Caviana (ilha da pororoca), Mexiana, Ganhoão e Machadinho. Soure tem a sua ilha Camaleão.



A União além de extensas terras de marinha, tem unidades de conservação com a flona Caxiuanã (Melgaço e Portel), resex Gurupá-Melgaço, rds Itatupã-Baquiá (ilha grande de Gurupá), reserva extrativista de Mapuá (Breves), resex Pracuúba (Curralinho, São Sebastião da Boa Vista e Muaná) e resex marinha de Soure. O Pará é responsavel pela emblemática APA Marajó de candidatura para reserva da biosfera na lista da Unesco. A integração federativa entre ministérios, secretarias estaduais, prefeituras e organizações da sociedade civil é uma novidade extraordinária nestas paragens. Claro que o processo é complexo, contraditório e potencialmente gerador de conflitos. O que deve ser considerado como da maior importância para o futuro da Amazônia brasileira.



Ao contrário do que a historiografia informa para idolatrar capitães de guerra ou incensar a obra dos missionários; a releitura da formação territorial da Amazônia brasileira explica a razão da demanda popular para Adesão do Pará à independência do Brasil (Muaná, 28 de Maio de 1823) e à República (16 de Novembro de 1889) e justifica o motivo pelo qual o povo foi se queixar aos bispos do Marajó (1999 e 2006) até o Presidente Lula atender e a Governadora Ana Júlia aderir ao “Plano de Desenvolvimento Territorial Sustentável do Arquipélago do Marajó”.



Vale lembrar, portanto, que atrás desta demanda histórica do povo marajoara estão – entre chuvas e esquecimento – as incríveis tratativas de paz de Mapuá, quando, pela primeira vez, o colonizador viu-se obrigado a pensar duas vezes antes de atacar de novo as ilhas de passagem do Pará ao Amazonas e precisou confiar aos odiados jesuítas a pacificação das belicosas gentes insulanas sob promessas de paz e liberdade.



Claro está que os índios, entre a cruz e a caldeirinha, preferiam o mal menor da assimilação cultural na “redução” da Missão à pura escravidão em mãos dos colonos. O diabo que aí perderam a identidade e aprenderam a dissimulação dos brancos até a perfeição do cinismo no Diretório dos Índios (1757-1823). Fingiram tão bem os índios fadados à extinção, que até hoje sob pele de cabocos, passam como gente boa. Isto é, modernos civilizados.



O distraído turista da ilha do Marajó que vê caboco montado em búfalo e considera o animal como símbolo máximo da ilha, não adivinha que há 350 anos o índio era senhor de tudo aquilo. Pelo menos, durante os últimos mil anos. Portanto, terá que ir ao exterior ou aos melhores museus do País para achar coleções do tesouro mais raro e insubstituível da identidade marajoara expatriada sem lenço nem documento.



Não verá mais a imensa biodiversidade lesada, sem direito e compensação de coisa nenhuma. Então, há de concordar que só resta a esta gente esperar de Brasília a nacionalização e de museus estrangeiros detentores de cerâmica marajoara pré-colombiana, cooperação internacional a fim de ajudar o sui generis Museu do Marajó: último bastião da resistência marajoara renascida de “cacos de índio”.

Na história democrática do novo Marajó esta gente pode lavar a guerra suja em Água Boa, utopia de campus para futuras gerações no chão donde Alfredo, alterego de Dalcídio, partiu à conquista do mundo para reerguer a “criaturada grande” das ilhas e Baixo Amazonas. Investir na refazenda do Paraíso do bom selvagem. Fazer indústria de lendas do lago Guajará, reconstruir a casa de Dalcídio Jurandir, em Cachoeira do Arari, cidade-museu da capitania dos barões de Joanes, reizado dos Contemplados do Marquês de Pombal, república popular-universal do Glorioso São Sebastião. Onde o sol ata rede para dormir no Araquiçaua com o segredo do mito da Terra sem Mal acamaradado ao rei Dom Sebastião. Sonhar e cantar é só começar:



Saga dos Tupinambás

Saga dos Tupinambás (14 mil Guerreiros)

Além de todas as coisas
Vai descansar
Onde não há mais temores
Vai descansar

Ata tua rede e dorme
Tem um velho sonho, Tupinambá
Pra Terra sem Mal, caminhas
Leva teus irmãos, junto a sonhar

E me conta, quando fores caminhar no litoral
São quatorze-mil guerreiros, caminhante ancestral

Por rios de sonhos,
Braços cansados,
Confederados corações,
Abrem os caminhos dos Sertões

E a correnteza, traz a sina
Que nos guia.

Navegar em águas
De ondas rasteiras
Todo seu singrar
Na sina das corredeiras
Repousar pela nascente
Num ávido querer
Na sina da vida
De um natante ser
Cantoria de peixe eu canto
Pra velar na liberdade perdida de cada recriar
Seu moço deixe o peixe liberto na maré de seus sonhos
Num instante deixe vagar ao pôr-do-sol
No Araquisawa poder descansar.

(Moacir José)

www.palcomp3.com.br/manumoa



quarta-feira, 5 de agosto de 2009

filho de peixe



Filho de peixe é peixinho. Caboco ribeirinho, filho de índio, índio é... Viva a flor na pele da caboca cor de jenipapo, debaixo do sol lavrado montada em lombo de búfalo marchador no rumo do futuro. O rubro teor do açaí misturado à água ardente. Peixe frito e mormaço: meio-dia do Setentrião, por emblema. Amazônia parauara, verdejante. Verde e amarela que te quero encarnada. Pele-vermelha com estrela pintada no lado esquerdo do peito. Gente remoçada, raça tirada à sombra da palhoça e no solo fértil da roça pela invenção do verbo marajoar... Eu, tu, eles e elas vamos todos marajoar até Chico chegar da roça. Até o nosso Brasil varonil achar graça desta prosa. A nossa várzea florir e melhorar a sorte desta gente boa do Norte brasileiro. Salve, salve!

O padre Giovanni do lago Arari, galo Marajoara de coração; italiano naturalizado brasileiro, que nem o conde Ermano Stradelli colega de pajés vagando nas lendas do Rio Negro, encantado; foi o Gallo culturalmente devorado pelo caruanas, crismado em segredo pelos pajés e descatequizado pelas chuvas na ilha do Marajó pela astúcia caturra da criaturada grande de Dalcídio. Promovido a cacique açu... O primeiro cara pálida a se marajoar, com eira e beira, na sesmaria reconquistada na ilha grande dos Nheengaíbas! O cara nasceu em Turim, na Itália fascista, mas mudou a casca entre índios amenésicos na vila de pescadores lacustres no Jenipapo (Santa Cruz do lago Arari). Vicente Salles, o homem que decifrou o enigma do caroço de tucumã e a influência do velho rimance ibérico de “Dona Silvana” na literatura de Dalcídio Jurandir, está aí; na academia do peixe-frito, e não me deixa mentir.

Quem fala do Marajó está falando do Salgado paraense e do Cabo Norte amapaense. Parentes próximos, que nem carne e unha, por via da pesca na corrente das Guianas. E o velho Tocantins desde as barrancas do Araguaia abaixo é tudo caminho Tupinambá. Os sertões amazônicos dando a volta das ilhas e rompendo a linha de Tordesilhas. Conquista das icamiabas ditas “amazonas” e invenção da Amazônia; diretamente na ilha grande dos Nheengaíbas, filha da cobra grande Boiúna.

Pena que a brasilidade carece de leitura politica da semana de 22 a 27 de agosto do ano da graça de mil seicentos e cinquenta e nove na Ilha do Marajó. Pena que aquele tempo se perde entre chuvas e esquecimento. Se não, o povo saberia por fala oficial e cantoria sem igual, que filho de peixe é pexinho, portanto filho de índio é caboco. Povo tradicional pronto ao primeiro chamado a iniciar a re-construção da identidade perdida... Povos das águas e florestas de maré. Prontos para recomeçar a pirapurasséia, a dança do peixe; a comemorar os 350 anos da paz de Mapuá... Os sete caciques marajoaras históricos (Aruãs, Anajás, Mapuá, Mamaiamá, Guaianá, Pixi-Pixi e Cambocas). Haja a revitalizar a aldeia Aricará (1659) (apagada do mapa, em 1758, para imposição do nome colonial de Melgaço)... Haja a vitória da memória da aldeia Arucaru, pelo mesmo conseguinte, esquecida entre as brumas de Portel.

Axi! Nossos bons acadêmicos burgueses esnobam a paz dos Mapuá, pois é fato o ditado Pombalino desde quando o Império do Brazil foi menino de calças curtas; Dom Pedro II caçando borboletas pela Quinta da Boa Vista, sem saber nadinha da história e o roubo do café das Guianas, a invasão de Caiena ordenada por seu avô Dom João VI, donde o jardim botânico foi aclimatado, primeiro em Belém do Grão Pará... Claro! Os brasileiros, do Oiapoque ao Chuí, saberiam e a academia lembraria a luta política entre colonos portugueses e jesuítas (pe. Antonio Vieira), em torno da liberdade dos índios e a posse da terra (lei de 1655)...

Uma controvérsia histórica, dizem os acadêmicos burgueses. Sim, mas para os ribeirinhos não interessa quem pintou a zebra. O fato é que em 1661 e 1787 saíram os padres do Maranhão e Grão Pará a tapas e ponta pé, não exatamente por conflito teológico ou segurança de estado. Mas, exatamente, pela economia extrativista das drogas do sertão arrancada pelo trabalho escravo dos índios. Mera coincidência: sem trabalho escravo ou semi-escravo, em 2009, não haveria boi pirata, devastação da floresta, biopirataria, essas coisas...

Entendeu, compadre? Eis, o significado do projeto Nossa Várzea, Plano Marajó, Território da Cidadania... Seus antecedentes históricos desde um certo “índio sutil” Dalcídio Jurandir, apenas livre do cárcere (presídio S. José, 1937) e da perseguiao fascista, a se recolher à ilha natal, na vila de Salvaterra, há 70 anos (1939-2009), a fim de escrever "Chove nos campos de Cachoeira" (esboçado em 1929) e "Marinatambalo" (publicado com título "Marajó"), donde toda a série da obra premiada pela Academia Brasileira de Letras, em 1972.

O Brasil está preocupado com a Amazônia. Mas, de que Amazônia o mundo fala? Os brasileiros temos muito a aprender com a práxis do Plano Marajó... Tem gente dizendo que o Plano Amazônia Sustentável (PAS) nada fez até agora. Outros dizem o mesmo a respeito do Plano Marajó, mas este é piloto do PAS, e pelo menos a regularização fundiária vai muito bem obrigado... Nós não podemos confundir as coisas e morder a ista de pescadores de águas turvas... É claro que, nas condições objetivas do Pará, “do Brasil sentinela do Norte”, é preciso acelerar o passo no contexto amazônico. E a Amazônia na emergência do Brasil no plano mundial e integração da América Latina; é preciso uma clara visão de futuro.

O futuro está vinculado às leis da Natureza e ao passado histórico... Quer dizer, quebrar o colonialismo e o imperialismo desde a periferia requer leitura do espaço-tempo local e levar em conta o campo da cultura regional. Donde, em Marajó por exemplo, Dalcídio e Gallo constituem plataforma incontornável a qualquer plano de desenvolvimento humano sustentável nas Amazônias... Hoje está nascendo aqui inovador processo de empoderamento do território pela cidadania das populações tradicionais. Há obstáculos formidáveis no caminho, não totalmente à direita para dizer a verdade. Se, todavia, os intelectuais brasileiros progressistas não derem a devida atenção neste momento, podemos nos arrepender tarde.