quarta-feira, 26 de março de 2008

O vento que sopra lá, também sopra aqui...

Uma amiga minha ao ler comentário sobre a emigração de brasileiros e brasileiras em busca de um 'dólar furado', mandou-me este alerta a muitas meninas que acreditam em Papai Noel e príncipe encantado estrangeiro. Vejam e comentem, passem para seus amigos e amigas:

"Diásporas pelo mundo - Uns 10 anos atrás, ainda morando na Itália, decidi escrever um artigo sobre o êxodo dos brasileiros. Tinha notado que, em poucos anos, das cinco brasileiras que moravam em Bolonha há anos com suas famílias ítalo-brasileiras, tínhamos virado dezenas. A quantidade de brasileiras tinha aumentado muito em pouco tempo. Eram principalmente mulheres que chegavam a tiracolo de italianos que voltavam das férias no nordeste do Brasil.
Quando iniciei a pesquisa descobri que esse êxodo tinha precedentes antigos e maiores. Descobri assim a existência dos "brasiguaios" e os problemas com aqueles que se encontravam no Japão. Fiquei admirada pois estamos acostumados a pensar somente naqueles destinos que a TV fala.
Chamei o artigo de "Diaspora brasileira" e o discuti com alguns dos poucos intelectuais brasileiros que estudavam na Itália. Não estavam de acordo; acharam exagerados os dados mesmo se citavo a proveniência deles. Resultado, acabei não mandando o artigo para nenhum canto. Vivendo longe, as vezes a gente vê os problemas com outros olhos. Mesmo se os dados eram incriveis, acabei me convencendo que era melhor deixar para lá.

"Desse momento até eu voltar para Belém, o negocio piorou. Entravam como turistas e desapareciam depois de vinte dias. Vi e acompanhei o nascimento de uma “cadeia de solidariedade” entre as que tinham chegado antes e as novatas. Ensinavam a “estrada melhor” para evitar os controles. E não chegavam somente do Brasil, mas de outros países também. O pai´s que recebe o que deve fazer?

"Estes dias, vendo o caso dos brasileiros mandados de volta da Espanha, me lembrei desse artigo. Não adianta a TV ficar entrevistando as "coitadinhas" que iam de "férias" ou encontrar o "noivo". Com a minha experiência posso dizer que 90% vai mesmo para a Europa, para tentar a vida: seja, como doméstica que dançando em bares ou fazendo o que aparecer... de forma ilegal.
Quando comecei a notar esse tipo de “imigração” brasileira me perguntei por que? Sabia que saiam daqui por necessidade, pensando de melhorar, mas por que a Itália? Conversando com os italianos cheguei a algumas conclusões, que eles mesmos confirmavam: a mulher italiana chegou a um ponto de liberdade sexual que as nossas nem sonham. Uma liberdade diferente daquela daqui, porque elas são economicamente independentes. Lá, já chegaram ao ponto de serem elas, as mulheres, a escolher o homem. Elas já não precisam que alguém pague o seu jantar ou que comprem um vestidinho para poder entrar em algum local (como fazem as nossas com os turistas).

"Esse grau de "liberdade" fez nascer um enorme problema para os homens. De fato, mês sim, mês não, a TV falava da quantidade de homens "impotentes" e a juventude nisso, tinha e tem uma enorme presença. No plano concreto, a conquista de uma maior liberdade pelas mulheres, encontrou os homens pouco preparados. Creio que as "feministas" do meu tempo, continuaram a educar os filhos para serem machões. Acontece que quando chegou a hora de bancar o macho, as meninas, já livres de tabus, é que decidiam e eles acabavam brochando. Essa liberdade nova foi vivida com imaturidade e provocou várias distorsões na identidade do “galetto” italiano.
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"O que quero dizer com isso? Que o italiano, defronte da disponibilidade das brasileiras - diferentemente das italianas - se sente o tal e isso favorece esse exodo de mulheres em direção da Italia.

"Qual problema deriva dessa “imigração” irregular? A quantidade de mulheres, mas não só, que fica ilegalmente é impossível de calcular. Os controles feitos nas ruas, enchia as prisões, mesmo se a prostituição de rua, era para russas, austriacas, yugoslavas, homossexuais brasileiros, etc. Caso raro ver uma prostituta brasileira na rua: elas estavam dançando em algum local ou recebendo em casa, muitas vezes com a conivência da policia. De vez em quando, com prisões cheias, ou vendo o enorme aumento de casos de expulsão, tinham que “abrir as portas” para os irregulares e fazer sanatórias, que resolviam o problema de cerca 25%, em média, de quem queria se regularizar: o restante voltava para a clandestinidade.

"Francamente, sobre esse argumento, tem muita coisa a pesquisar e a dizer. O desemprego na Europa, não somente na Espanha, está aumentando cada dia mais. A concorrência entre "pobres" vindos dos ex paises socialistas, dos paises arabes e da Africa, vocês não podem imaginar. Todo ano, no verão, barcas-carcaças afundam nos vários golfos do sul da Italia, com milhares de estrangeiros (não somente árabes e africanos) que pensam conseguir ter melhor vida. Tentam entrar na Europa através da Itália e muitos nem chegam a desembarcar.
Sobre uma dessas desgraças que o mundo nunca soube, minha filha fez um documentário. O povo que morreu afogado vinha até do Afganistão... Somente 10 anos depois, quando um pescador encontrou nas redes de pesca uma carteira de identidade de um rapaz da mesma idade de seu filho, a coisa veio a tona. (http://www.teatro.org/rubriche/teatro_civile/dettaglio.asp?id_news=7314)

"Quem procura a Europa, deve estar disposto a tudo. Na Itália, a coleta de frutas no verão é muito rentável, para qualquer um, pois a paga é alta. Pois bem, essa gente chega e trabalha por 10% da tarifa estabelecida; muitos dormem em lóculos dos cemitérios. Os italianos que perdem o trabalho quando chegam os estrangeiros, logicamente, denunciam e criam caso. Na Espanha, com certeza acontece o mesmo. Eles já estão lotados de peruanos, argentinos, costaricanos, etc. As ex-colonias tem precedência, inclusive porque falam a língua.

"Portanto, acho realmente que precisa estudar esse assunto, e muito, antes de achar que é algo contra o Brasil. É até ridículo pensar assim."

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