terça-feira, 10 de agosto de 2010

Petição 2010 [1]

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coisas que a gente gostaria de ver acontecer

Marajó tesouro do Brasil na Amazônia

virada 2010 para as metas do Milênio (2015)
meta maior: IDH 0,80 na região Marajó (2020).

EXPLICAÇÃO AO LEITOR DO BLOGUE
http://marajo70.blogspot.com

a Petição do caboco marajoara faz homenagem à memória de Dalcídio Jurandir,
Giovanni Gallo e Neuton Miranda: três heróis do coração da “Criaturada grande” [populações tradicionais ribeirinhas do Baixo Amazonas, Marajó e Ilhas]...

Todavia, mais que pedido este pleito é agradecimento coletivo ao
Presidente Luís Inácio Lula da Silva, pelo relevante fato de ter sido ele até hoje
o único Presidente da República, democraticamente eleito; a ouvir as queixas
da gente marajoara e ter vindo em pessoa fazer justiça a antigos descendentes dos povos indígenas ribeirinhos antigamente usurpados de suas
terras pela política colonial do antigo estado português do Maranhão e Grão-Pará.
Quer dizer, o Plano Marajó – por sua dimensão histórica sem precedentes, muito acima de pífios relatórios burocráticos –, deve ser antes que tudo entendido como um invulgar pacto federativo para o desenvolvimento e a Paz Socioambiental,
com a força simbólica do rei dos rios do mundo em diálogo contínuo
com o Oceano da história das Índias ocidentais e orientais!

Por que se confinar a uma simples “ilha' como outra qualquer, longe de Belém do Pará e de tudo? Por que se contentar com um prato de lentilhas, se esta gente tem direito de primogenitura da primeira cultura complexa da Amazônia e lugar ao sol no Trópico Úmido planetário? Esta é a verdadeira questão Marajoara! Esquecida pelo Gigante adormecido na vastidão amazônica...

A viva lembrança da presença histórica de Lula e Ana Júlia, em Breves (2007) – lugar de memória da “Pacificação dos Nheengaíbas”, em 27 de Agosto de 1659, no rio dos Mapuás, hoje RESEX Mapuá – , velha ilha dos marajós; alenta de coragem
e esperança ao bravo Povo Marajoara.

Mas seria excessivo dizer que este começo de reconstrução histórica e identidade cultural do território, inicialmente com a resposta à carta “SOS lago Arari” [Exposição do Museu do Marajó em Santa Cruz do Arari], datada de 07/09/2003; atendida parcialmente através do IPHAN; é suficiente para tirar da beira e da lama os excluídos da História, onde os confinaram os barões da capitania da Ilha Grande de Joanes (1665-1757) e os senhores donos do “Diretório dos Índios” (1755-1798); para empoderamento territorial aonde ainda os cabocos e cabocas das ilhas devem chegar na continuação do processo de democracia participativa, ora em curso.

Os amigos do Marajó devem ser portadores das esperanças da gente aos novos eleitos de 2010: mas, ainda desta vez, ao próprio Presidente Lula para que ele após o mandato presidencial volte, sem pressa, à ilha natal do “índio sutil” (www.dalcidiojurandir.com.br), se possível, em companhia do Professor Luís Dulci; para ver o chalé memorial de “Chove nos campos de Cachoeira” e se tornar como a Governadora Ana Júlia sócio honorário do nosso Museu do Marajó. A ser, então, o cidadão Lula protetor mor em futura configuração nacional e internacional que este extraordinário patrimônio caboco merece (www.museudomarajo.com.br).

Muito Obrigado Presidente, a gente não vai esquecê-lo!

JMVP, Belém-PA, 9 de agosto de 2010.


1 - Acelerar a Educação do Território

Todo território da Cidadania tem a Educação como chave do desenvolvimento. Ainda que a gente tivesse a maior infraestrutura do mundo, sem educação das pessoas que são de direito e de fato o Território não valia a pena. Nossa proposta de diretrizes para a Educação na região marajoara não discrepa das diretrizes nacionais e estaduais, todavia há que se levar em conta as especificidades e os problemas impostos pela historia colonial recalcitrante na região, a peculiar geografia insular e as condições sociais e econômicas dos 16 municípios marajoaras e suas respectivas comunidades locais, secularmente marginalizadas.

O combate ao analfabetismo, carece vir em primeiro lugar e ser agressivo e prioritário. Estar atado à regularização fundiária e integrada também a planos de manejo ambiental e organização social das comunidades locais, apoiadas para o mercado em economia solidária.

Mercado e comércio justo devem ser grandes motivadores do ensino técnico com base na alfabetização de jovens e adultos, derrubando o desânimo de quem diz que aprender a ler e escrever “não serve pra nada” e até “piora” a vida dos cabocos”.

A educação precisa começar, a bem dizer, na barriga da mãe com o pré-natal. Na verdade a educação de base nasce com a Saúde na família e na comunidade: quer dizer, Saúde e Educação são que nem unha e carne... Como vamos falar em educação infantil sem saúde materno-infantil?

Meninas que se tornam mães e meninos que se tornam país, por azar... Sem sequer ter sido crianças e adolescentes em todos seus direitos; sem jamais orientados para uma vida sexual madura e responsabilidade social efetiva. Há séculos a sociedade marajoara tradicional está sendo agredida sem mais capacidade de autodefesa e os que se apresentam ou deveriam vir a defendê-la, “ouviram o galo cantar, mas não sabem de onde”...

É preciso que recém-nascidos e suas respectivas famílias desamparadas sejam adotados por ações solidárias em parceria de governos e sociedade civil em berçários/creches comunitários sejam desde o berço embriões de uma nova escola da comunidade com inovação social segundo o que vem de ser dito.

Esta vitória maíuscula contra o analfabetismo – o analfabetismo político sobretudo – ; repercutiria com intensidade no maior sucesso do Plano Marajó / programa Territórios da Cidadania. Metade da população do Marajó, na prática, é analfabeta. São mais de 200 mil cidadãos brasileiros excluídos da Educação. Como tolerar isto? Os marajoaras devem reagir. Com um dos territórios, dentre 120 outros, do tamanho de um país com forte apelo simbólico em virtude da ancestral Cultura Marajoara, acelerar a Educação quer dizer determinar levar a zero o analfabetismo na ilha do Marajó, como exemplo da vontade política do povo e do governo brasileiros.

Desde Paulo Freire existem diversos métodos rápidos de debelar os males do analfabetismo. O que não pode é a ilusão de que um pessoa arrancada do apartheid social não recairá ao antigo marasmo caso não tenha estímulo para educação continuada. Aprender a ler e escrever e parar, é semelhante a certas doenças que não se pode interromper o tratamento. Se até os búfalos nas fazendas carecem manejo permanente, como o ser humano poderia se contentar de aprender, tarde e porcamente, o bê-á-bá sem chance de continuar de tal maneira como verdadeira mudança de vida?

Todo alfabetizado deve alfabetizar. O combate ao analfabetismo não é apenas obrigação legal do estado, mas também dever moral de cada cidadão além do devido pagamento dos impostos.

Em Marajó, o Pará e o Brasil podem começar uma batalha decisiva contra o analfabetismo a ser replicada aos 120 Territórios da Cidadania, reunindo municípios de menor IDH do País. Com isto ocorreria efetiva aceleração da alfabetização rumo às metas do Milênio (2015): outros países zeraram ou reduziram drasticamente altas taxas de analfabetismo com metodologias ousadas e emprego massivo de voluntários e meios educativos não convencionais, como rádio e TV comunitária.

A rede de campi de universidades públicas no Território Marajó, sem dúvida nenhuma, poderá ser o QG desta batalha envolvendo comunidades as mais isoladas e distantes: o resultado poderá ser uma economia solidária vibrante, cada associação ou cooperativa, cada igreja ou comunidade engajada em campanha “em comunidade quem sabe ensina, quem não sabe aprende”.

Trata-se da adoção de políticas públicas de Educação com relação ao campo, populações ribeirinhas e de florestas orientada pela pedagogia da alternância. Fortalecimento do programa Escola de Portas Abertas, “Mais Educação” e “Mais Pará”. Um conjunto de medidas de justiça social, educação e trabalho, inclusão, diversidade e igualdade todas estas são ações articuladas com a Educação e Saúde que, portanto, devem ser informadas, debatidas e esclarecidas no âmbito do Plano Marajó integradas aos programas de Educação, Cultura, Saúde, Meio Ambiente, Direitos Humanos, Esporte e Lazer, Turismo.

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